Conflito no Futebol Paulista

Na tarde de quarta-feira (6), a Procuradoria do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) de São Paulo apresentou acusações contra vários membros do São Paulo FC. Essas acusações surgiram após um incidente ocorrido no domingo, após uma partida contra o Palmeiras, no estádio do Morumbis.

Entre os acusados estão o lateral Rafinha, o meio-campista Welington Rato, o atacante Calleri e o assistente técnico Estéphano Kiremitdjian Neto. Além deles, o presidente Julio Casares, o diretor de futebol Carlos Belmonte e o adjunto Fernando Bracalle Ambrogi também foram denunciados.

Todos os acusados foram enquadrados no artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que trata de condutas contrárias à disciplina ou à ética desportiva. A pena prevista para os atletas e o assistente técnico é de suspensão de uma a seis partidas. Para os dirigentes, a pena pode variar de 15 a 180 dias de suspensão.

Com exceção do assistente técnico, que foi expulso durante a partida, todos os outros foram mencionados no relatório do árbitro Matheus Delgado Candançan. Segundo o documento, eles foram ao vestiário da arbitragem após a partida para confrontar o árbitro.

Multas e suspensões

Carlos Belmonte também foi acusado de ofender o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, a quem ele teria chamado de “português de merda”. Ele foi enquadrado no artigo 243-F do CBJD, que trata de ofensa à honra de alguém relacionada diretamente ao esporte. A pena prevista é de 15 a 90 dias de suspensão e multa de R$ 100 a R$ 100 mil.

No caso de Belmonte, a procuradoria entende que, se ele for condenado pelos dois artigos, as penas podem ser somadas, o que poderia resultar em até 270 dias de suspensão.

A confusão ocorreu após a partida no Morumbi, quando Candançan foi criticado pelos donos da casa por suas decisões durante o jogo. Os são-paulinos reclamavam da não expulsão de Richard Ríos após uma falta em Pablo Maia, da marcação de um pênalti a favor do Palmeiras e da não marcação de outro pênalti, a favor do São Paulo, em Luciano. A partida terminou empatada em 1 a 1.

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No relatório da partida, o árbitro Matheus Delgado Candançan relatou que a equipe de arbitragem foi abordada por membros do São Paulo, incluindo o diretor Carlos Belmonte, o presidente Julio Casares e alguns jogadores do time.

Xenofobia ou não?

Segundo o árbitro, os dirigentes do São Paulo teriam dito: “safados, que pênalti foi esse, sem vergonhas, filhos da p…, vai tomar no c…, você não vai ficar em paz, desgraçados, o Abel apitou o jogo hoje”.

Após o confronto, o presidente Julio Casares fez um discurso na zona mista do Morumbis e afirmou que Abel não deveria apitar os jogos do Campeonato Paulista. O São Paulo FC inclusive proibiu que o técnico português desse entrevistas na sala de coletiva após o jogo.

Quando procurado para comentar, o Palmeiras afirmou que a xenofobia é crime e que estuda as medidas legais cabíveis contra o dirigente. Posteriormente, o clube divulgou uma nota oficial.

De acordo com uma avaliação interna do São Paulo, Belmonte usou a nacionalidade de Abel para identificá-lo, e não para ofendê-lo, o que, neste caso, não configuraria xenofobia. Quando procurado para comentar, o clube preferiu não se manifestar, uma vez que o Palmeiras estuda levar o caso à Justiça.

A previsão é de que todos sejam julgados na próxima semana, o que pode resultar em desfalques para o técnico Thiago Carpini em uma eventual partida de quartas de final. O São Paulo ainda não tem vaga garantida, mas lidera o Grupo D e precisa apenas de uma vitória na última rodada, contra o Ituano, em Itu, para avançar para a fase de mata-mata. Agora, resta aguardar o desenrolar dos acontecimentos e as decisões do Tribunal de Justiça Desportiva.

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