Brasileiro na seleção dos Emirados Árabes

Na última quarta-feira (5), o atacante brasileiro Jonatas Santos recebeu uma notícia especial: foi convocado para a Seleção dos Emirados Árabes Unidos, um marco importante em sua carreira. Naturalizado no país, o atacante agora se prepara para os desafios das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, com partidas contra Irã e Coreia do Norte. Em uma entrevista exclusiva para o Antenados no Futebol, em parceria com a TV Feira, Jonatas compartilhou sua trajetória, suas dificuldades e a emoção de ser chamado para representar a seleção de um país que se tornou sua segunda casa.


Jonatas iniciou sua carreira muito cedo, aos 12 anos, quando ingressou no FSA Esporte Clube, em Feira de Santana, interior da Bahia, sua cidade natal. Ele lembra com carinho desse período: “Eu tinha perdido minha mãe recentemente e eu tive essa oportunidade de fazer um teste quando eu tinha 11 anos (…). Eu fiz o teste e fui aprovado. No outro dia tinha um amistoso para o time e o professor Fernando me aprovou e ele perguntou se eu podia ir para o amistoso. Eu falei que sim e aí eu joguei um amistoso lá e daí para lá nunca mais saí do time.”

Do interior da Bahia para o Fluminense-RJ

Jonatas Santos no Sub-15. Foto: Reprodução arquivo pessoal

Esse início foi decisivo, especialmente por conta das dificuldades pessoais que ele enfrentava. Com o apoio do técnico Fernando Oliveira, que atualmente comanda o sub-20 do RB Bragantino, Jonatas teve a chance de desenvolver seu talento e seguir em frente no futebol. Em 2015, a sorte sorriria mais uma vez para o jovem atleta. Durante uma avaliação do Fluminense, promovida pelo FSA, o atacante se destacou e foi rapidamente encaminhado para o clube carioca, onde iniciou sua carreira no futebol profissional.


“É o primeiro desafio, né, que era tudo novo pra mim. Então, chegando lá, eu era muito tímido, fui lá fazer a avaliação, eu jogava no tempo que o Fluminense era o melhor time do Brasil, então eu estava fazendo avaliação com Luiz Henrique, Wallace, André, John Kennedy e outros melhores do Brasil. Então, esse foi o maior desafio. Foi onde eu aprendi muita coisa com os caras, que estavam muito, muito à frente, mas aí eu consegui me encaixar ali no meio deles e hoje estou podendo estar aqui contando essa experiência.”

Jonatas Santos pelo Fluminense-RJ. Foto: Arquivo Pessoal

Jonatas Santos conquistou os Emirados Árabes

Aos 20 anos, Jonatas deu um novo passo em sua carreira, dessa vez para fora do Brasil. Em 2020, ele que havia fechado com o Al-Ain e foi emprestado para o Hatta Club, dos Emirados Árabes Unidos, logo se destacou. O grande momento, no entanto, veio em 2021, quando ele retornou para o Al-Ain, um dos maiores clubes do país. Com o Al-Ain, ele conquistou títulos importantes, incluindo a Liga dos Campeões dos Emirados Árabes.

Luiz Henrique e Jonatas Santos. Foto: Arquivo Pessoal


“No começo ali eu cheguei bem novo aqui no país, uma cultura diferente, onde não falava a língua, foi tudo um pouco mais difícil, tipo adaptação (…). Fui me adaptando aos poucos e, quando eu estava me adaptando, o Al-Ain me emprestou para o Hatta Club, para eu poder pegar rodagem, criar uma casca, para poder voltar para o Al-Ain. Eu voltei, consegui meu espaço ali e as coisas fluíram, ganhei alguns títulos: a Champions League, UAE Pro League e a UAE League Cup. Então, consegui um espaço ali e estou construindo uma história no clube e no país.”


Recentemente, a sua trajetória deu um salto ainda maior: Jonatas foi convocado para a Seleção dos Emirados Árabes Unidos. “A gente vem trabalhando a cada dia, trabalhando forte, buscando, correndo atrás do objetivo e graças a Deus o trabalho está sendo reconhecido, então as coisas estão acontecendo naturalmente, da forma que a gente imaginou. E é isso, continuar trabalhando firme para conseguir os objetivos. É continuar trabalhando e a resposta vem naturalmente”, afirmou Jonatas com entusiasmo.

Jonatas Santos pelo Al Ain. Foto: Divulgação Al Ain


Para o atacante, vestir a camisa da seleção é a realização de um objetivo de longa data. ” É fruto do trabalho junto com meu empresário, as pessoas que estavam envolvidas. A gente já tinha esse sonho e, graças a Deus, estamos realizando. Então, é a maior felicidade de poder estar representando esse país e não tem explicação. Eu acho que é o sonho de todo atleta, é jogar em uma seleção, então estou muito feliz.”


Jaderson Barbosa, gestor técnico do FSA, clube que tem revelado grandes jogadores e técnicos para o futebol nacional e internacional, celebrou a convocação do atleta e destacou uma qualidade essencial para o crescimento de Jonatas. “Atitude! Todas as vezes que ele estava aqui, nesse momento, ele estava sozinho, porque ele saiu, foi para avaliações, situações, inclusive, desafiadoras para ele, como um garoto novo, de uma família carente, morador aqui do Santo Antônio dos Prazeres, e todas as vezes era um desafio muito grande para ele, mas ele tinha uma atitude muito grande, ele queria vencer.”


A expectativa para os próximos jogos é grande. Jonatas se prepara para os desafios contra Irã e Coreia do Norte, sabendo que esse é apenas o começo de uma nova fase em sua carreira. “A expectativa é muito boa, a gente tem que trabalhar bastante, dar o melhor, dar o máximo nos treinamentos para a gente buscar o resultado positivo”, afirma, demonstrando confiança e foco para os desafios à frente.

Entrevista com Jonatas, atacante do Al Wasl e convocado para a Seleção dos Emirados Árabes Unidos

  1. Jonatas, sua trajetória no futebol começou bem cedo, aos 12 anos, quando você ingressou no FSA Esporte Clube em Feira de Santana. O que você lembra desse início e como foi sua experiência no clube?
    “Eu tinha perdido minha mãe recentemente e eu tive essa oportunidade de fazer um teste quando eu tinha 11 anos e uma conhecida da minha família que conhecia a esposa do treinador, e elas conversando assim, e uma falou da outra para a outra, e tipo elas conversaram e arrumaram um teste para mim no FSA. Eu fiz o teste e fui aprovado, eu e um amigo fomos aprovados. No outro dia tinha um amistoso para o time, né, e o professor Fernando me aprovou e ele perguntou se eu podia ir para o amistoso. Eu falei que sim e aí eu joguei um amistoso lá e daí para lá nunca mais saí do time.”
  2. Você se destacou em torneios de base, como a Copa 2 de Julho, o que abriu portas para o Fluminense. Como foi essa transição para o futebol profissional e quais desafios você enfrentou nessa nova fase?
    “Um dia eu estava treinando de um pra um, né, e tinha um olheiro lá. Ele foi fazer uma avaliação com os atletas de 2003 e 2002 e ele estava lá olhando o treino, e eu estava treinando de um para um, dois contra dois. Ele me viu e perguntou de que ano que eu era e tudo mais. Os caras lá falaram que eu já era uma categoria mais acima, estava um pouco avançado, e aí ele se impressionou com as coisas que viu e achou interessante fazer o teste. Eles trocaram, tiraram 2003, botaram 2002 e 2001 e me encaixaram no teste. Eu fui fazer o teste em outro local, gostaram, fui aprovado e fui para o Fluminense.”
  3. Sua trajetória também passou por clubes internacionais, como o Hatta Club e o Al Ain, onde você conquistou a Liga dos Campeões dos Emirados Árabes. Como foi esse processo no exterior?
    “É o primeiro desafio, né, que era tudo novo pra mim. Então, chegando lá eu era muito tímido. Fui lá fazer a avaliação. Eu jogava no tempo que o Fluminense era o melhor time do Brasil, então eu estava fazendo avaliação com Luiz Henrique, Wallace, André, John Kennedy e outros melhores do Brasil, né. Então, esse foi o maior desafio. Foi onde eu aprendi muita coisa com os caras, que estavam muito, muito na frente, mas aí eu consegui me encaixar ali no meio deles e hoje estou podendo estar aqui contando essa experiência.”
  4. Atualmente, você é um dos destaques do Al Wasl na temporada 2024/25. Fale sobre essa sua fase da carreira.
    “No começo ali, eu cheguei bem novo aqui no país, uma cultura diferente, onde não falava a língua. Foi tudo um pouco mais difícil, tipo adaptação. Também cheguei ao Al-Ain e foi um pouco difícil pra mim adaptar, mas eu tinha um amigo lá, o Caio Canedo, que sempre estava ali me orientando e me passou a experiência. Fui me adaptando aos poucos, né. Quando eu estava me adaptando, o Al-Ain me emprestou para o Hatta Club para eu poder pegar rodagem, criar uma casca, para poder voltar para o Al-Ain. Eu voltei, consegui meu espaço ali e as coisas fluíram, ganhei alguns títulos ali: a Champions League, UAE Pro League e a UAE League Cup.”
  5. Recentemente, você foi convocado para a Seleção dos Emirados Árabes Unidos para as Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. O que essa convocação significa para você, especialmente após toda sua jornada até aqui?
    “A gente vem trabalhando a cada dia, trabalhando forte, buscando, correndo atrás do objetivo e, graças a Deus, o trabalho está sendo reconhecido. Então as coisas estão acontecendo naturalmente, da forma que a gente imaginou. E é isso, continuar trabalhando firme para conseguir os objetivos. É continuar trabalhando e a resposta vem naturalmente.”
    “É uma honra jogar pela seleção do país dos Emirados, ter essa oportunidade de estar representando a seleção, e eu fico muito feliz. Tudo foi da forma que a gente planejou, eu e meu empresário, da forma que a gente foi lapidando e tudo aconteceu dessa forma. É fruto do trabalho junto com meu empresário, as pessoas que estavam envolvidas. A gente já tinha esse sonho e, graças a Deus, estamos realizando. Então, é a maior felicidade de poder estar representando esse país e não tem explicação. Eu acho que é o sonho de todo atleta, é jogar em uma seleção, então estou muito feliz.”
  6. Qual a sua expectativa para os próximos jogos contra o Irã e a Coreia do Norte?
    “A expectativa é muito boa, a gente tem que trabalhar bastante, dar o melhor, dar o máximo nos treinamentos para a gente buscar o resultado positivo.”

Entrevista com o gestor técnico do FSA Esporte Clube, Jaderson Barbosa

  1. Conta um pouco sobre o início de Jonatas aqui no FSA.
    “O Jonatas foi convocado para uma seleção, a seleção dos Emirados Árabes, e nessa história a gente pode trazer algumas situações. Lembro que, através do Thiago Lopes, que era um observador do Fluminense do Rio na época, ele (Jonatas) estava treinando praticamente sozinho aqui um dia pela manhã, porque os outros faltaram. Ele também estava muito preocupado, muito desejoso de querer logo sair para um clube. Tinha sido reprovado em várias avaliações em clubes de Minas, inclusive falava comigo: ‘Eu vou desistir, não aguento mais’. E eu lembro que tinha uma ajuda de custo que a gente dava para ele para transporte. Eu falei, cara, segura uma semana, que meu desafio com ele era fazer ele entender que ele precisava de um tempo a mais, precisava ficar um pouco mais treinando e mantendo o ritmo, porque as portas iam se abrir. A gente percebia que ele tinha talento, ele buscava muito, tinha muita atitude, e isso foi muito positivo.”
  2. Qual característica que vocês observavam no Jonatas desde novinho que você pode dizer que talvez seja o diferencial para ele ter chegado tão longe?
    “Atitude! Todas as vezes que ele estava aqui, nesse momento, ele estava sozinho, porque ele saiu, foi para avaliações, situações, inclusive, desafiadoras para ele como um garoto novo, de uma família carente, morador aqui do Santo Antônio dos Prazeres, e todas as vezes era um desafio muito grande para ele, mas ele tinha uma atitude muito grande. Ele queria vencer e não entendia, muitas vezes, o mundo do futebol, o porquê de ele não ser aprovado. Eu lembro de uma vez, nessas avaliações, que ele ligou para mim: “Professor, eu vou desistir, não tem como, as coisas não estão do jeito que deveriam ser, eu estou bem, estou treinando bem”. E a gente pegou alguns relatórios de todos os treinadores dizendo que ele estava indo muito bem, mas ele não era aprovado. Enfim, e aí eu acho que a atitude, a resiliência, a capacidade que ele teve de acreditar nele, e ele, mais do que ninguém, a gente sabe disso, na vida a gente precisa acreditar, porque a gente faz, e ele acreditava, ele sabia. Ele tem atitude, ele confia muito nele, ele acredita muito nele, então esse eu acho que é a grande lição. Obviamente, ele precisa ter as habilidades que o futebol exige hoje, do ponto de vista técnico, a relação com a bola muito boa, o drible, a coragem para driblar. Driblava até demais, é uma das confusões que tinha, aquela de driblar para trás, driblar para frente, e a gente falava: “Jonatas, o gol é para lá, você tem que ir para lá”.”