Em 2012 o Botafogo pegou todos de surpresa quando anunciou a contratação de Seedorf. Um dos responsáveis pela negociação do meia foi André Silva, então vice-presidente de futebol da equipe carioca. Em entrevista ao podcast “Glorioso Connection”, o dirigente fez questão de detalhar os bastidores da contratação do craque holandês.
“Em 2012 fui para Milão com Maurício (Assumpção, presidente), Serginho ex-lateral e José Renato empresário de futebol. O Serginho fez a ponte. Tínhamos recebido um aporte financeiro e começamos a… O Maurício tinha prometido um jogador para fechar o aeroporto, começamos a procurar. Um nome que chegamos foi o Seedorf. Beckham foi conversado, mas não chegamos a falar com ele. Carlos Alberto Torres fez a ponte com o Diego. Sou eternamente grato, consegui o ônibus do Botafogo. Alguma coisa aconteceu no passado entre a Volks e o Bebeto (de Freitas), o Botafogo era o único clube do Rio que não tinha ônibus . Estávamos com a ideia de trazer o Diego, Maurício vai a Alemanha, Carlos Alberto Torres vai junto e coloca o Mauricio na casa do Beckenbauer. Conversa-se sobre essa situação do Diego, mas o problema era o salário, queria mais do que o Seedorf. Não tínhamos condição de pagar. Beckenbauer tentou ajudar, o Maurício esteve com o Diego, mas acabou não acontecendo. Beckenbauer ajudou no ônibus. No Beckham era difícil chegar”, lembrou, antes de prosseguir:
“Chegou o Seedorf, (Carlos Augusto) Montenegro também participou disso, não me lembro como, acho que me ligou para falar do Serginho. Nos reunimos com Serginho e José Renato, montamos a estratégia, temos tanto para negociar. Serginho entrou em contato com o Seedorf, passou o telefone da Deborah (Martin), manager dele, pediu um tempo, depois respondeu que queria nos receber. Fomos eu, Mauricio, Serginho e José Renato. O Seedorf pediu que fôssemos discretos, porque estava com contrato com o Milan e ia jogar, descolou ingressos para nós. Fomos ver o jogo, Seedorf era rei. Na segunda-feira, marcou conosco na Fundação Seedorf, fomos e tivemos reunião de cinco horas, em que ele pediu para que a reunião fosse feita toda em português”, relatou.
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Por fim, concluiu: “… Ali tive certeza que ele ia jogar no Botafogo. Ninguém faz reunião de cinco horas se não tem o interesse de jogar em um clube, ainda mais o Seedorf. Ficamos em Milão, esperando uma resposta dele, aí nos chama, fala que foi conversar com (Silvio) Berlusconi, que pediu para ficar mais uma temporada. Foi uma ducha de água fria na nossa cabeça. Mas ele fala que quer jogar no Botafogo e faz uma proposta. “Já chegamos nos valores, aceito e fazemos o seguinte acordo: se eu estiver no mesmo nível físico, de futebol, a gente mantém esse acordo e vou para o Botafogo. Assim assinamos um pré-contrato”, contou.
Por fim, o mandatário foi questionado se o ex-camisa 10 se arrependeu de ter saído do Botafogo. “Sim (se arrependeu). Foi convidado pelo Berlusconi, que era padrinho de casamento e ele tinha adoração. Eu conversei e falei “o Milan não está em bom momento”. Ele falou “o Silvio jamais me mandará embora”. Mandou. Ele ficou muito decepcionado, isso eu sei”, finalizou.