Processo do Bahia para virar SAF

Em maio de 2023, o Bahia marcou um momento histórico ao concluir a venda de sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF) para o Grupo City, conhecido por controlar equipes ao redor do mundo, incluindo o poderoso Manchester City, da Inglaterra.

Guilherme Bellintani, então presidente do Tricolor baiano, foi a figura-chave por trás dessa negociação e compartilhou os bastidores de como conquistou os investidores.

Hoje à frente da Squadra Sports, dona da SAF do Londrina, Bellintani será o convidado do programa “Bola da Vez”, que vai ao ar na madrugada deste sábado (26) para domingo (27), à meia-noite (horário de Brasília).

A jornada que culminou na criação da SAF do Bahia começou ainda em 2022, com a aprovação dos sócios do clube. Mas o caminho até o acordo envolveu determinação e iniciativa do dirigente, que precisou dar o primeiro passo para atrair a atenção do Grupo City, um movimento que transformaria o futuro do clube baiano.

O que disse Bellintani?

“Eu fui na cara de pau. Foi ótimo! Na verdade, eu primeiro contatei o Cadu, que hoje é diretor esportivo do Bahia, e o Cadu me falou: ‘Não tem chance, o City já está avançando com um clube no Brasil e está bem avançado, acho muito improvável…’. Eu até desconfio qual seja o clube, mas não vou falar porque… Mas era um clube menor, não era um clube de Série A do futebol brasileiro”, iniciou o ex-presidente.

E eu falei: ‘Cadu, me dá só uma chance de explicar o que é o Bahia e de como eu acho que é uma burrice do City comprar um clube que não seja um clube de massa no Brasil’. Até para o processo de formação, não é só como negócio, formação de atleta. Se você quer um atleta que jogue no City, você tem que aprender, ele tem que ser pressionado pela torcida no Brasil. Não tem jeito. Isso faz parte do processo de formação de um jogador”, completou.

A ousadia deu certo

Bellintani, então, precisou ser ousado e persistente na ideia com o grupo: “Fui chateando, WhatsApp, mensagem, não sei o quê. E aí depois ele falou: ‘Olha, tá bom, seu chato… Eu vou te colocar para conversar com a pessoa’. Foi engraçado porque foi uma conversa rápida do tipo: ‘Alô, sim, diga, sabe?’. E, no final da conversa, ele falou: ‘Não, tá bom, ok, eu volto a te contatar’. Uns 15 dias depois eu falei: ‘Olha, completaram aqueles 15 dias que você disse que ia contatar, estou por aqui, qualquer coisa…‘. Mandei já uma apresentação do Bahia”, revelou.

A insistência deu certo. O ex-mandatário do Esquadrão conseguiu conversar e encaminhar a venda da SAF.

“Conseguimos, talvez um mês e meio depois disso, ter uma conversa um pouco mais estruturada. Que já passou do ‘vou ouvir o que você está falando por educação’ para ‘deixa eu ver o que esse cara está falando aqui’, sabe? Aí ele falou assim: ‘Você consegue me mandar as informações básicas do Bahia?’. Eu falei: ‘Consigo. Me dá um e-mail.’ Em 24 horas estava o e-mail com seis anos de auditoria do clube, balanço, aprovação de contas, dívida controlada e dito quanto a gente deve de quê, enfim, todas as atas de aprovação das contas, tudo redondo como a gente tinha no clube”, contou.

“O clube devia bastante, mas a gente conhecia a dívida, sabia quanto era, estava cumprindo dessa, dessa e dessa forma. E já mandei também uma tese: por que comprar um clube no Nordeste e não em São Paulo? Ou no Rio? Eu defendi isso, porque o Nordeste é mais barato”, concluiu.

Guilherme Bellintani no Bahia

Guilherme Bellintani esteve à frente do Bahia por seis anos, comandando o clube entre 2018 e 2023, período em que exerceu dois mandatos consecutivos. Durante sua gestão, o Tricolor de Aço viveu momentos marcantes, incluindo a conquista da Copa do Nordeste em 2021 e quatro títulos do Campeonato Baiano nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2023.