Conselho Deliberativo do Flamengo discute situação financeira e acordo com a Libra
Em encontro realizado na noite desta quinta-feira (20), os conselheiros do Flamengo se reuniram no Salão Nobre da sede social da Gávea para analisar o atual panorama econômico do clube e as primeiras diretrizes traçadas pela nova administração, liderada por Luiz Eduardo Baptista, o Bap. Durante a reunião, o presidente rubro-negro fez uma exposição que durou mais de uma hora.
Entre os principais temas abordados, Bap destacou o acordo firmado no âmbito da Libra — associação que reúne diversos clubes brasileiros para negociação coletiva dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, atualmente com a TV Globo.
Luiz Eduardo Baptista, no comando do Flamengo desde janeiro, tem buscado renegociar alguns compromissos formalizados antes de sua posse. O entendimento da nova gestão é que o clube está sendo prejudicado no acordo celebrado pela Libra.
Segundo o dirigente, o Flamengo poderá sofrer um impacto financeiro negativo significativo caso os termos do contrato não sejam revisados. A projeção da atual diretoria aponta para uma perda de aproximadamente R$ 500 milhões ao longo de cinco anos.
Participam do grupo, além do Flamengo, equipes como Atlético-MG, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Santos, Red Bull Bragantino, Bahia, Vitória, Paysandu, Remo, ABC, Guarani e Sampaio Corrêa. O consórcio foi criado para fortalecer a posição dos clubes nas negociações dos direitos de mídia, mas, segundo Bap, a divisão de receitas tem gerado distorções que prejudicam o Flamengo.
O que disse Bap?
“O efeito de audiência que foi aprovado na Libra, Flamengo joga com Juventude, com todo o respeito ao Juventude…. Metade da audiência vai para Flamengo e metade vai para o Juventude. Mas será que metade das pessoas estão assistindo aquele jogo por causa do Juventude? Eu não tenho a menor dúvida que não. Mas na hora que você faz esse cálculo, o que é 11% cai para 3,9%. Então, esse efeito cumulativo, ao longo de cinco anos, vai gerar uma perda de potencial para o Flamengo, se a gente não fizer nada, na ordem de R$ 450 a R$ 500 milhões. Meio bilhão de reais“, disse Bap, segundo o ‘Mundo Bola Flamengo’.
“O que aconteceu? Foi feita uma alteração em setembro de 2024, após o Conselho Deliberativo ter feito a aprovação, onde dizia o seguinte: ‘Olha, a remuneração pelo clube, a base, é de 2023. Então, só caso as receitas líquidas da Libra fossem maiores que as receitas total de 2023, havia também essa cláusula. Como o Flamengo arrebentou a boca do valor em 2024, nós perdemos por conta dessa cláusula. Então, a Libra, sistematicamente, foi criando cláusulas que tiravam o dinheiro do Flamengo. Basicamente, era uma desapropriação. Cada um real que saía do Flamengo era dividido entre os outros clubes. Então, hoje, para vocês terem uma ideia, o Flamengo vai ganhar 201 milhões de reais na Libra, e o Braga continua com 83. Alguém aqui acha razoável que um que tem 45 milhões de torcedores, e outro que não tem nem 500 mil, tenham 2,5 vezes de diferença? Esse é um dos desafios que a gente tem”, acrescentou Bap.
Caixa rubro-negro com números positivos
Durante sua apresentação, o presidente também expôs a evolução dos números no caixa rubro-negro. Ele comparou os saldos financeiros: no início de janeiro de 2024, o clube contava com R$ 234 milhões disponíveis, enquanto no encerramento de dezembro o montante havia caído para R$ 69,8 milhões.
Outro ponto destacado por Bap foi o aumento expressivo da dívida líquida do clube, que saltou de R$ 48 milhões para R$ 346 milhões. Entre os principais fatores que impulsionaram esse crescimento estão a aquisição do terreno do Gasômetro, avaliada em R$ 146 milhões, e os investimentos nas contratações de Charly Alcaraz e Gonzalo Plata, que totalizaram R$ 132,5 milhões.

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