Bombou no mercado

O Botafogo encerrou a segunda janela de transferências de 2024 com um investimento impressionante, totalizando R$ 231 milhões, o maior da era SAF sob a gestão de John Textor. Este montante foi utilizado para trazer oito novos jogadores ao elenco de Artur Jorge, evidenciando o crescente aporte financeiro desde a aquisição do clube pelo empresário americano. Ao considerar todo o ano de 2024, Textor já investiu R$ 373,2 milhões no time alvinegro, reforçando a intenção de elevar o Botafogo a um novo patamar no futebol brasileiro.

Apesar do entusiasmo gerado pelas contratações, que incluem nomes como Almada, Igor Jesus, Matheus Martins e Vitinho, o jornalista Danilo Lavieri expressou preocupações significativas sobre a sustentabilidade desse modelo financeiro. Lavieri argumenta que, embora o Botafogo possa mudar de prateleira com esses reforços, o investimento massivo é desproporcional ao faturamento e caixa do clube.

“Para mim, o Botafogo pode mudar de patamar. Gera pressão na torcida, mas não dá para os clubes se comportarem como o Botafogo. Ouso dizer aqui que não dá nem para o Botafogo se comportar como o Botafogo está se comportando, se consideramos apenas faturamento e caixa do Botafogo, considerando que Textor é dono de holding, que tem vários clubes.”

Lavieri ainda destaca a falta de regulamentação financeira no futebol brasileiro como um facilitador para essa discrepância, algo que seria impossível em países como França ou Inglaterra. Segundo ele, “considerando apenas o Botafogo, o tamanho da grana, essas contratações não deveriam caber. Mas não temos fair play financeiro, então não há irregularidade, ilegalidade. Textor está agindo dentro do que a lei brasileira permite, o que não seria permitido na França ou na Inglaterra.”

Doping financeiro?

A crítica se aprofunda ao comparar a situação do Botafogo com outros grandes clubes brasileiros, como Flamengo e Palmeiras. Lavieri alerta para os efeitos negativos dessa situação, especialmente em um cenário onde clubes como Flamengo poderiam se ver pressionados a comprometer sua estabilidade financeira para tentar acompanhar o ritmo de contratações do Botafogo. “Imagina você, torcedor flamenguista, vê o Viña machucado, Ayrton Lucas de repente com uma lesão muscular, contrata Alex Sandro. Com certeza isso pressiona. O que não pode acontecer é normalizar esse tipo de situação.”

Futebol brasileiro precisa de regulamentação financeira?

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O jornalista também menciona o caso do Corinthians, que, segundo ele, é um exemplo de outro tipo de “doping financeiro,” onde o clube continua contratando sem pagar suas dívidas. Lavieri faz uma analogia clara: “É como ter concorrente da sua loja que não paga imposto, não paga fornecedores, continua vendendo, às vezes faz preço até melhor que o seu e está tirando seu cliente.”

Por fim, Lavieri sugere que a situação do Botafogo, impulsionada pelo aporte financeiro de Textor, levanta questões importantes sobre o futuro do clube e a necessidade urgente de regulamentação. Ele conclui: “Temos que ver a longo prazo o efeito. Afinal, o Textor é dono, não é clube associativo, que se ficar muito mal continua ali com torcedores e sede social. Textor é dono, pode chegar e falar ‘todo mundo vai embora’. Temos que aguardar. Urge, com as SAFs, não só do Botafogo, uma regulamentação financeira. Não adianta ficarmos batendo se os clubes não se unirem e colocarem isso no papel.”.