Prejuízo antigo
John Textor, dono da SAF do Botafogo, comprou uma verdadeira batalha ao tentar expor uma suposta corrupção entre na arbitragem brasileira que inclusive teria tido influência direta em resultados de jogos e competições no Brasil.
O empresário norte-americano usou dados colhidos através de inteligência artificial, para apontar supostas manipulações. Para alguns especialistas, a IA não avalia o fator humano que pode ter oscilação de desempenho e até mesmo cometer erros. E um erro do passado foi admitido 17 anos depois. A ex-árbitra Ana Paula Oliveira admitiu que falhou na partida em que o Figueirense venceu o Botafogo por 3 a 1, e eliminou o Glorioso da semifinal da Copa do Brasil de 2007.
”Eu demorei para aceitar o erro porque foi tão milimétrico. Dentro do campo de jogo, eu tinha 100% de certeza que eu tinha acertado. Depois a gente tem que reconhecer que não, e se tivesse VAR eu provavelmente estaria atuando até hoje porque eu tenho idade para estar no campo de jogo até hoje.”, contou a Ana Paula em entrevista ao programa MunDu.
Ela reconheceu que anulou de forma equivocada o gol legítimo marcado por Zé Roberto na época. “Acabei me equivocando nesse primeiro lance, não é uma jogada simples. Na minha percepção, estava com o joelho à frente. Foi lance de 10 centímetros”, reconheceu.
Mas não foi apenas o lance de Zé Roberto que rendeu polêmica. O clube carioca teve outro gol anulado pela arbitra. “O outro lance eu entendo que eu acertei, o Dodô estava nesse jogo e me sacaneia até hoje. Ali eu marco o segundo impedimento, o segundo gol anulado no Maracanã, aquele coro maravilhoso de mais de 70 mil pessoas, me ofendendo um pouquinho por um canto de 15 minutos (risos)”, contou.
Botafogo vem sendo prejudicado pela arbitragem ao longo dos anos?
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Impacto do erro na carreira
Devido a polêmica daquela partida, Ana Paula acabou suspensa pela CBF e posteriormente perdeu o escudo FIFA. Ela ainda contou que foi alvo de comentários machistas direcionadas por Carlos Augusto Montenegro, então dirigente do Botafogo.
”Ele se limita a falar só da minha pessoa, do fato de ser mulher, não estar capacitada para aquilo, chegou a dizer que eu estava no meu ciclo menstrual e que isso teria afetado a minha capacidade. Foram palavras e um discurso extremamente machista, sexista, e que naquela época caberia um grande processo, e talvez teria um retorno financeiro. A gente tinha medo de entrar com ação contra um dirigente e ser retaliada. Eu acho que deveria ter feito, deixei de trabalhar logo depois”, contou.
A ex-árbitra falou do impacto que isso teve em sua vida. ”O dirigente e o clube tinham tanta influência na CBF que, meses depois, eu perco o meu escudo internacional, sou tirada do quadro nacional, em função desse ocorrido. Agradeço a esses momentos de adversidade porque fazem crescermos como pessoa, como ser humano. Doeu muito, porque naquela época foi trabalhado muito durante 6, 7 meses, eu tive o meu nome lançado 6,7 meses no ar. A minha família sofreu muito, o meu irmão sofreu muito, chegou a brigar com colegas no trabalho. Acho que a gente aprende com experiências dolorosas como aquela que vivi em 2007”, completou.